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Novas regras do Oscar priorizam representatividade e inclusão

Confira quais são as novas regras de inclusão do Oscar para pessoas não brancas, mulheres, LGBTs, latinos e pessoas com deficiência.

há 3 anos 6 meses

Após anos de pedidos por mais diversidade na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pelos Oscar, foram anunciadas novas regras que impactam a premiação a partir de 2022. O anúncio aconteceu no dia 8 de setembro, em uma publicação oficial no site do evento.

No meio do ano, também visando uma maior diversidade, a Academia já havia anunciado a inclusão de 819 novos membros. Desse número, 368 são mulheres, 294 são integrantes de minorias étnicas ou raciais e quase metade é composta por estrangeiros, como Mariana Oliva e Tiago Pavan, os brasileiros produtores de Democracia em Vertigem. A partir dessa inclusão, dos mais de 9 mil membros atuais da Academia, 33% são mulheres e 19% são membros não-brancos.

Agora, propondo uma maior visibilidade de pessoas não-brancas, mulheres, LGBTs, latinos e pessoas com deficiência nas produções que concorrem à estatueta de Melhor Filme, o Oscar anunciou quatro padrões que devem nortear as produções a partir de agora, na seleção de trabalhadores que atuarão na frente e atrás das câmeras. Quem quiser concorrer na categoria de Melhor Filme, deve atender a pelo menos duas dessas exigências:


Padrão A: representatividade de temas e narrativas na tela (1 de 3 critérios necessários)

  • A1) Pelo menos um dos atores principais ou coadjuvantes de destaque deve pertencer a uma etnia ou grupo racial pouco representado (asiático, latino/hispânico, negro, nativo-americano, norte-africano, nativo havaiano)
  • A2) Pelo menos 30% de todo o elenco em papéis secundários ou menores devem pertencer a dois grupos pouco representados (mulheres, grupos raciais ou étnicos, LGBTQI+, pessoas com deficiência física ou cognitiva)
  • A3) A história principal, tema ou narrativa deve ser centrada em um grupo pouco representado

Padrão B: Liderança criativa e equipe do projeto (1 de 3 critérios necessários)

  • B1) Pelo menos dois membros da liderança criativa e chefes de departamento – diretor de elenco, cinematógrafo, compositor, figurinista, diretor, editor, cabelereiro, maquiador, produtor, designer de produção, decorador de set, editor de som, supervisor de efeitos visuais, roteirista – devem pertencer a um grupo pouco representado e pelo menos uma posição deve pertencer a uma etnia ou grupo racial pouco representado.
  • B2) Pelo menos seis membros da equipe (com exceção de Produtor Associado) devem pertencer a um grupo pouco representado
  • B3) Pelo menos 30% da equipe técnica inteira deve pertencer a um grupo pouco representado

Padrão C: Acesso à Indústria e criação de oportunidades (os dois critérios são necessários)

  • C1) O produtor ou distribuidor do filme deve financiar aprendizado/estágio remunerado para pessoas de grupos pouco representados; grandes estúdios devem ter presença substancial de aprendizes/estagiários assalariados de grupos pouco representados na maior parte dos departamentos (desenvolvimento/pré-produção, produção presencial, pós-produção, música, efeitos visuais, aquisições, administração, distribuição, marketing e publicidade); estúdios pequenos e independentes devem ter pelo menos dois aprendizes/estagiários assalariados de grupos pouco representados (pelo menos um de um grupo étnico ou racial pouco representado) em pelo menos um dos departamentos
  • C2) A companhia responsável pela produção, distribuição e financiamento do filme deve oferecer oportunidades de emprego ou capacitação para pessoas de grupos pouco representados.

Padrão D: Desenvolvimento com o público

  • D1) O estúdio tem executivos sênior de grupos pouco representados (pelo menos um de um grupo étnico ou racial pouco representado) em suas equipes de marketing, publicidade e distribuição.

Para o crítico Pablo Villaça, essas medidas indicam um início para maior representatividade de minorias na premiação: “Estas regras vão gerar o xorôrô habitual por parte dos suspeitos habituais. E, claro, num mundo ideal não deveriam existir. Mas não estamos num mundo ideal e a maior representatividade de minorias tem que começar de algum modo - se não naturalmente, então impulsionada por regras. É claro que a Academia não pode obrigar nenhum produtor a seguir estas regras; no entanto, se ele quiser concorrer a um Oscar, deverá seguir os critérios da organização que o distribui. Certíssimo.”.


Referências

Academy establishes representation and inclusion standards for Oscars® eligibility Academia cria regras de representatividade para indicados ao Oscar Por mais diversidade no Oscar, Academia anuncia 819 novos membros, incluindo brasileiros

Autor(a) do artigo

Rafael Alessandro
Rafael Alessandro

Professor, coordenador e produtor de conteúdo no AvMakers. Rafael Alessandro é formado em Comunicação, graduando em Cinema e Audiovisual e mestrando em Cinema e Artes do Vídeo pela Faculdade de Artes do Paraná.

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